parece que ainda não :

                                                                                                                   leanna robertson

... recuperei da directa.

Ele: Estou? É o Alexandre!

Eu: Quem?

Ele: O Alexandre da E...?

Eu. Ah! Olá, boa tarde. Como está?

Ele: Tudo bem. J. queriámos então saber da tua disponibilidade para marcar a entrevista.

Eu: Hum [O quê? Agora? Já?]

Ele: Pode ser já amanhã ou é muito em cima da hora?

Eu: Pois, se calhar, amanhã não consigo.

Ele: E depois de amanhã?

Eu: Talvez também não. Poder ser na sexta-feira?

Ele: Claro! A que horas? 12h30? 10h50?

Eu: [10h50?! Que raio de hora é essa?] Sim, sim, pode ser. Fica combinado.

Ele: Então pronto. Depois vens ter aqui à porta. E chamas por mim, boa?

Eu: Sim. Então até sexta.

Depois de ter desligado o telefone, caiu-me a ficha. [OK, J.! Estás no meio meio de uma semana de caos, tens 30 mil textos para terminar, estás a preparar uma festa de aniversário surpresa com outras 30 mil pessoas e ainda te marcam uma entrevista para o último dia e tens de fazer uma portfólio, tipo, para anteontem?! Só podes estar craze!]. Mas pensei "Ah isto faz-se. O portfolio é num instante. É só uns printscreens, umas montagens, umas imagens a atirar pró sentimental e pronto. Imprimes isto, encadernas e dás a batata quente ao Alexandre.  Diz que não foi nada disto. Os textos ficaram-se pelo meio (já não havia concentração), a festa de aniversário está em standby (soa-me que me estou a meter noutra alhada, enquanto não mexo uma palha nisto) e o portfólio ... Bom, esse nunca saiu! Ficou-se-me pelo formato digital e viva o velho e o puto! "Olhe, desculpe, a nossa impressora encravou. Vá à nossa loja no Campo Pequeno, que lá resolvem o problema, de certeza". Claro, pessoas! Estou no Chiado, faltam-me 17 minutos para a entrevista no Cais do Sodré e vou num instantinho ali à Praça de Touros pôr umas argolas em meia dúzia de folhas!

Entrei no primeiro taxi no Largo de Camões. Há sempre um certo desequilibrio nesta gente que trabalha dentro de carros de cor nude!

Eu: É para a Rua XXXX, ali no Cais.

Ele: [Silêncio].

Eu: Sabe onde é?

Ele: Sei, sei. Estou só a tentar descobrir um atalho .

(não tinha avançado ainda um milímetro sequer do sítio onde estava parado)

Ele: Não percebo estes eléctricos. Parece que estão a fazer uma corrida hoje. São parvos! Não vêem que não se podem ultrapassar?

Eu: A-H-A-H! [Este senhor é divertido!]

Ele: Acho que já descobri um caminho!

(por esta altura já só me falava com ele mesmo. Discutia o melhor atalho, melhor semáforo, melhor não sei o quê. Arracou com o carro. finalmente!)

Eu: Ai sim?

Ele: Sim, estamos a chegar. Está a ver ali a central dos Correios?

Eu: Ah! Pois, desconhecia.

(não sei se estive mais de cinco minutos naquele taxi. O senhor era, de facto, um Às das Betesgas de Lisboa)

Chego à E. Enfiam-me numa sala que afinal não era aquela. (Diz que havia outra miúda com o nome parecido ao meu lá nos papéis). Preencho outros papéis e mandam-me ir dar uma volta ao bilhar grande, porque: "Menina, nós estamos aqui (faz um círculo na folha), mas vai ter de ir para aqui, 'tá a ver? (faz outro círculo)". Não tem mal, gente. Só tenho três malas e meia às costas. Eu ando mais uns metros, sem problema!  Lá andei o que faltava andar, perdi-me (claro!), mas depois lá entrei no dito "túnel" de que o outro tinha falado.

Ele: "Olá, vou mostrar-te a escola, as salas, e depois vamos conversar um bocadinho".

Eu: Tudo bem.

Ele: Bla, bla e bla

(passaram, o quê? dez minutos?)

Ele: "J., vou admitir a candidatura. Depois passas por cá e fazes o resto".

Eu: Ah? Ok!

(pensei melhor dizer o seguinte)

Eu: Tenho aqui o meu CV, o portfolio e outras coisas impressas. Não sei se ...

(interrompeu-me)

Ele: Tens isso tudo em formato digital, não é? Eu fico então só com o CD.

Eu: Sim. Está aqui.

Em flashback, passou-me: as horas sem dormir, o 31 que foi escolher as imagens, fazer os copy/paste, os senhores da gráfica, a viagem com o taxista e a cama que não vi)

Como vos adoro, pessoas despachadinhas!