quarta-feira, 16 de maio de 2018

32 :


ela abriu a porta sem tocar à campainha. entrou e sentou-se ao meu lado. vimos filmes juntas no sofá, à lareira, em dias de inverno. nas minhas festas de aniversário, ela estava ali sempre junto à aparelhagem ainda com leitor de K7 com diferentes estórias para me contar. soltei lágrimas constantes com ela; larguei sorrisos largos e também danças incríveis que o meu corpo exigia. sempre acreditei na sua verdade, mas acima de tudo na sua ingenuidade de não saber, quase nunca, do pode que tem, e do que faz às pessoas que a rodeiam. não me lembro ao certo de quando aquela porta se abriu, nem do que ela trazia vestido. nunca se foi embora daqui e a teimosia dela é uma imperatriz. Impõe-me um respeito incontornável e rouba-me dias a fio, horas em que me perco com ela por estradas sem traços descontínuos. sempre que abro o coração para ela, ela entra, assim ...

era adolescente quando esta canção ecoou em mim. pensei no caminho que estaria à minha frente e no que sentiria quando tivesse 32 anos. Não tinha certezas de nada, como agora tenho poucas incertezas de tudo. O poder da letra perfura-me a serenidade. Mas nunca nada foi tão certo como esta sensação ... 

"i found you standing there when i was seventeen.
now i am 32 and i can't remember what i've seen in you"

não desapareças. nunca fujas. não feches a porta.  

obrigada, música! 







on days like these i do :


~~