colas tudo para segurar o pouco. pressionas a fita-cola, pressionas muito para que te aguente mais uma semana, um mês, um ano. o que for preciso ... passas por la, de vez em quando, para que tudo se mantenha quieto e sem imprevistos. aproveitas e pressionar mais um pedaço, para que outro pedaço se mantenhaminteiro em ti. escondes o que perdeste por trás do dossiers e fechas o involucro dos envelopes como cartas fechadas. segues a vida assim, de fita-cola, de coisas seguras por um fio. segues em frente mesmo que as paredes estejam cheias dessas recados de post-it. vais riscando o que ficou feito, fazes uma nova lista no dia seguinte e avanças assim, com a vida, de fita-cola. quando abres um livro nem consegues entender o primeiro parágrafo. a tua cabeça fervilha com entulho, e naquela página 37 uma história tão incrível ficou por ler. viras as costas à religião, chegou o cansaço de rezar e de juntar as mãos contigo mesmo. ficas, no entanto, a pregar para que os anjos e tragam a serenidade que imaginaste aos 17 anos. a vida de fita-cola a segurar o pouco.
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