Há uns meses estivemos juntas uns minutos. Ela disse o que fazia, quem era, como se chamava e foi-se embora. Voltou na semana passada. Vinha com a mesma pressa e com a mesma destreza nas palavras. Fugia ao discurso radiofónico de forma brilhante, ao mesmo tempo que regressava, outra vez, cheia de coisas para dizer. É a nova professora. E fez-nos a pergunta simples: 'Porque estão aqui?'.
Depois percebi o que ela queria: descontruir-nos. Saber o que somos além de estudantes atrás de mesas e de ecrãs de MAC's. É a primeira vez que um professor é tão sincero. Fomos ensinados que o nosso perfil é sempre traçado no final dos dias, com pautas de notas, avaliações, testes, trabalhos de casa, apresentações orais e coisas que tais. Ela, aqui, quer partir pela casa de chegada. Quer-nos autênticos desde o início. Sem filtros. Artíficios. Ou produções.
A resposta deveria ser automática, mas não é. Ainda mais para quem já quis ser bailarina, cientista, astronauta e agora está metida no meio de acordes, medidas de 33-45, extended plays ou acapellas. Isto podia ser um amor, mas não é. Podia ser uma paixão, mas não é. Podia ser só uma relação, mas não é. Podia ser outra coisa qualquer, e é.
Conheceram-se por causa do vinil lá de casa quando os Kaoma transformavam os aniversários dela em danceterias dos anos 80 ...
Conheceram-se por causa do vinil lá de casa quando os Kaoma transformavam os aniversários dela em danceterias dos anos 80 ...
... o resto só ela vai ler.
Sem comentários:
Enviar um comentário