quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

oxford shoes #1


Faz hoje um mês que ela apanhou o avião. Eu estava longe. Não a vi partir. Não me despedi dela. A última vez que a vi foi à porta de casa, com ela a dizer-me “tu ainda me vês na sexta-feira”. Aquele dia passou e não voltei a abraça-la. Na bagagem, ela levou o perfume que lhe ofereci. Queria que ela começasse a vida nova com as memórias que aquele frasco vai conseguir moldar. Sei que foi de cabelo curto, como se apagasse aquilo que sempre disse: “Eu sou o meu cabelo”.

Não voltei a ouvir a sua voz, mas lembro-me todos os dias da gargalhada. Não voltámos a falar ao telefone, quando antes fazíamo-lo quase todas as semanas. Não voltámos a andar de baloiço, porque o nosso último Verão já acabou. Nunca mais andei com ela de carro, que é o mesmo que dizer andar de carrossel. Agora, ela tem uma casa nova, um quase lar que não conseguiu ter aqui. Da janela, imagino que veja aqueles bairros industriais, aquelas janelas de limites brancos, aqueles ingleses de accent puro.

É um lugar-comum. Não gosto deles. Mas o facto é que te sinto aqui todos os dias. Como se, em sussurro, te contasse as minhas manhãs, as minhas noites e os meus entretantos. Depois, quase que grito para que ouças a minha euforia. Agora, tens uns Oxford Shoes. E esta é a tua rubrica.  Vou escrever-te aqui. Quando os sussurros e a euforia precisarem de letras, como nós.

And you were so wrong, girl. You are not your hair. You are not a prisioner.
You are free now.


1 comentário:

S.R. disse...

U are my best friend and i love tou so much. U are part of me and I am part of U. We grow together and it will be like that forever. Thank you my little doll for loving me to! *