sábado, 28 de abril de 2012

soprar as tuas velas :


Assim que chegámos aquela recta, ele apitou umas três vezes, quase sem intervalo. Queria anunciar que a nossa viagem estava agora no fim e que vinhámos todos preparados para mais uma daquelas nossas festas. Aquelas com mais de trinta pratos na mesa, cadeiras e bancos (porque as cadeiras não chegam), copos de cores, todas as luzes acesas, música do lado de fora da casa e os carros de todos os donos daqueles pratos, estacionados naquele pinhal à frente da casa antiga. Mas esta era uma festa diferente. Era um aniversário de alguém que não podia estar presente. Estavámos em 2007.  Fizemos tudo como sempre. Até aquele bolo decorado estava em cima da mesa.         Tenho poucas memórias da minha infância. Lembro-me pouco de brincar na rua. Ou de fazer asneiras quando ainda tinha menos de um metro. Mas dela lembro-me de tudo. De tudo o que lhe conhecia. Do tom da voz. Do cabelo branco sempre apanhado. Da forma como punha os óculos escuros na cara, mesmo que não pudesse ver nada através deles. De como brincávamos juntas. De como ela cantarolava qualquer coisa enquanto me embalava ao seu colo. De como dizia que ela ainda podia ver que eu era bonita como a minha mãe.       Estamos em 2012. E hoje, se fosses viva, farias 105 anos. Parabéns Avó.
 

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu lembro-me da tua infância!Comigo!Com a mana...nós as 3 com tantas barbies e tanta tralha para brincar. E lembro-me de ti com ela,a tua Avó, das vezes em que me juntei a vós lá na terra.beijinhos

S... disse...

Apesar dos quilómetros que nos separava dela... nunca deixou de ser a que nos fazia e fará sempre falta...será sempre lembrada... (e tanto que me tenho lembrado dela ultimamente!!!)