quinta-feira, 17 de novembro de 2011

as redes sociais e afins (e fins) :

Já não é a primeira vez que ouço que o Facebook (FB) é bom para se encontrar amigos de infância. Ou aquele que se deixou engordar ou o rufia da 3ª classe que hoje é agente de autoridade ou apenas aquele colega que se sentava ao nosso lado na escola. Depois há ainda quem dia que o FB tem um layout melhor que o velhinho Hi5 e que serve ainda de ferramenta profissional e bla bla bla. Pois ...

Hoje, enquanto via a Casa dos Segredos, o João M. e a Fanny decidiram enumerar coisas pelas quais sentiam falta depois de estarem alienados do mundo há cerca de quase dois meses. Ambos referiram o FB. Ora, é isto que não percebo. Sinto-me distante desta realidade (ou quase). Não tenho FB. Não encontrei amigos de infância (se os tivesse perdido não seriam seguramente amigos), não sei quem está agora mais gordinho (se encontrasse alguém nestes moldes é provável que não me lembrasse dele), desconheço o paradeiro daquele traste que fazia pouco das miúdas e agora usa-me farda de polícia. Não sei.

Mas isto tem me custado caro. Sinto-me fora de contexto. Estou distante dos outros. Não faço "likes" nas fotos ou videos dos meus 245 amigos. Nem partilho nada com eles. Já perdi temas de conversa, "views", clicks e comentários. É que ... Gosto antes de conversas num bom café e não num "chat". Gosto de encontrar quem quero e não quem me convida para ser seu amigo (aliás o que é isto de convidar para se ser amigo?) Gosto de recuperar fotografias em álbums a sério e não esfolheá-los com uma seta ». E gosto destes "gostos" e não daqueles "likes".

Não gosto quando leio uma reportagem num qualquer jornal ou revista e no final vejo a frase: "Saiba mais no Facebook". (E quem não tem FB, your idiot?!). Não gosto quando se tira uma fotografia hoje e amanhã já está no perfil da miuda Z. Não gosto que os amigos do FB sejam diferentes dos amigos reais. 

E agora estou assim. Longe. Sem ninguem com quem 'partilhar'. Sem 'murais' para registar os meus eventos. Sem perfil para indicar que andei naquela escola (e depois ser abordada por aqueles três lá atrás: o gordinho, o polícia e o parceiro de carteira).

E é por isto que agora se diz que já não se conversa no mesmo espaço, mas sim à janela. E aqui estamos a falar (também) da janela do messenger. E quando se diz que as relações são feitas de zeros e uns é por causa disto. Estão todas formatadas. Editadas. Tão editadas que podem ser bloqueadas ou ficar em modo "delete". O bom destas coisas é que podemos ir à reciclagem e recuperá-las. Mesmo que seja para voltar a pô-las lá, depois de termos feito "copy" and "paste" ao que nos interessa. E "cut" ao resto.


(e até este blogue deixou de ser um diário de papel com cheiro a perfume e transformou-se nisto)
e desconfio ainda que muitos amores já se perderam por causa disto ...

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