terça-feira, 22 de dezembro de 2015

NAO :

              
                                                                                                                       demetria devonne  
           
Quando te desiludes ... O mundo encadeia-te ao contrário. O peso carrega-te os ombros e ainda no dia anterior caminhavas cheia de leveza. Perdes a sabedoria e a sensatez fica sem tez. Rebobinas a cassete à procura do teu ensaio sobre a cegueira. Ficas de dedos abertos a sentir a areia escorregar por ali.  O dia torna-se demasiado longo. As ruas ficam sem identidade.  

Quando te desiludem ... perdes o amor. O amor por eles, o amor pela integridade, o amor pelo ser humano. Rebobinas de novo a cassete e ficas presa à repetição.  Quando a ilusão aparece é tão melhor assumires para ti primeiro ... Vais perceber que tu própria já te desiludiste: com o teu pensamento secreto, com aquele julgamento errado, com aquele sentimento tóxico, com aquela noite que não devias ter dormido fora de casa. 

Quando te desiludes, chora ... Eles também vão chorar quando se deitarem na cama de madrugada. Quando acordarem no dia seguinte, somos todos iguais. Não somos mais do que copos vazios: pedaços de vidro intacto até que nos encham de alguma coisa. E aí, sim, já podemos partir. Partir ao meio ou partir. Partir só.

Quando te desiludem ... juras que não podes mais fazer isto. Juras que vais ser um melhor ser humano e escolher sempre as sensações menos turvas para as manhãs de nevoeiro. 

Acorda! Está a ficar tarde. Estás atrasada ...
Espera! Muda o relógio para trás. A hora é mais cedo hoje.


i need him in the evening
  i need him more and more
but when i wake to see him
he's not even on my mind
give him warning 
~~~~

Sem comentários: