sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

os dias incertos :

 
Não tenho a máxima do Dean. Não vivo dessa forma. Não tenho tempo para o fazer, não vivo os dias como se não houvesse um seguinte, não penso assim quando defino o que vou fazer daqui a duas horas, não escrevo coisas estranhas na agenda como se não tivesse mais nenhuma folha para preencher. Pelo contrário, compro hoje um presente para oferecer no aniversário do próximo sábado, impõem-me prazos para criar histórias, acordo de manhã e escolho uma roupa ao acaso, deito-me a pensar naquilo que tenho para fazer o resto da semana. Mas, por alguma razão, o regresso à casa de ontem deixou de ter este despreendimento. Ele disse-me que não ía conseguir continuar. Que vai mudar de lugar. Que vai deixar de trabalhar. E, depois de tantos anos, percebi que nunca fiz o que sempre quis fazer: vê-lo a defender ou a acusar alguém num tribunal.
 
E, por isso, hoje olho para o dia seguinte como se ele não existisse. O tempo está a correr contra mim e contra ele. Quero vê-lo vestido de toga e isto podia tão bem acontecer já hoje. E ele, certamente, sonhou como se estes dias nunca estivessem para chegar.
 

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